O símbolo do autismo tem sido objeto de debates, reflexões e transformações ao longo do tempo. Quando se pensa em autismo, muitas pessoas visualizam a peça de quebra-cabeça colorida, usada em campanhas, camisetas e materiais educativos. Mas de onde surgiu esse símbolo? Quem o criou? E por que ele é, hoje, alvo de tantas críticas?
Neste artigo, vamos explorar a história do símbolo do autismo, entendendo suas origens, o contexto da sua criação e como ele se transformou ao longo dos anos. Vamos também discutir por que tantos autistas não se identificam com o símbolo e o que tem sido proposto em seu lugar.
A criação do símbolo do Autismo
O símbolo do quebra-cabeça foi criado em 1963 pela National Autistic Society (NAS), organização sediada no Reino Unido e pioneira na luta por direitos e diagnóstico do autismo.
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O primeiro logotipo trazia uma peça de quebra-cabeça com o desenho de uma criança chorando dentro dela. A escolha pretendia representar o autismo como um “mistério”, uma condição difícil de entender e emocionalmente desafiadora, tanto para os pais quanto para os profissionais da época.
A ideia por trás do símbolo era simples, porém carregada de um olhar médico: o autismo seria uma “peça que não se encaixa” no restante do mundo, algo fora do lugar.
O contexto histórico da década de 1960
Para entender a escolha do quebra-cabeça como símbolo do autismo, é preciso considerar o contexto histórico em que ele foi criado:
- Conhecimento limitado sobre o TEA: Em 1963, o autismo ainda era visto como uma condição extremamente rara. Muitos confundiam autismo com esquizofrenia infantil.
- Estigmatização: O discurso predominante era negativo, associando o autismo à tragédia familiar, isolamento e sofrimento.
- Visão médica predominante: O autismo era tratado como uma patologia a ser tratada ou “curada”, não como uma forma diferente de existir no mundo.
Assim, o símbolo criado refletia fielmente a mentalidade da época: um mistério clínico que causava dor e confusão.
A evolução do símbolo do Autismo ao longo dos anos
Com o passar das décadas, a peça de quebra-cabeça continuou sendo usada, mas sofreu algumas transformações visuais importantes:
- Anos 1980-1990: A imagem da criança chorando foi retirada, tornando o símbolo mais neutro.
- Anos 2000: Surgiu o laço de quebra-cabeça colorido, inspirado no símbolo da luta contra o câncer, para campanhas de conscientização.
- Cores vivas: Azul, vermelho, verde e amarelo passaram a representar a diversidade dentro do espectro autista.
Mesmo com essas mudanças gráficas, a ideia central do “desencaixe” continuava presente, e isso passou a ser problematizado especialmente a partir dos anos 2010.
Mudanças visuais e novas representações
Com a popularização da internet e o fortalecimento de movimentos como o da neurodiversidade, as pessoas autistas passaram a ter mais voz para discutir como desejam ser representadas.
Nesse novo cenário, o quebra-cabeça foi reavaliado e recebeu interpretações diversas:
- Para alguns, é um símbolo de identidade e luta.
- Para outros, é um estigma visual que reforça a exclusão.
Organizações mais modernas passaram a repensar seu uso. Algumas mantiveram o quebra-cabeça, mas buscaram reformular o seu significado, agora com foco na complexidade e na beleza da diferença.
Críticas da comunidade Autista
As críticas ao símbolo do quebra-cabeça vêm crescendo nos últimos anos, principalmente por parte de pessoas autistas adultas e ativistas da neurodiversidade. Os principais argumentos são:
1. Representa incompletude
A peça de quebra-cabeça sugere que a pessoa autista tem “algo faltando” ou que precisa ser “encaixada”.
2. Tem uma origem patologizante
O símbolo foi criado por pessoas neurotípicas, com base em uma visão médica e emocionalmente carregada de dor.
3. É infantilizante
O uso de cores primárias e o visual de brinquedo contribuem para a ideia de que o autismo é algo ligado exclusivamente à infância.
4. Ignora a vivência autista
Muitas campanhas ainda usam o símbolo sem consultar a comunidade autista, o que perpetua uma comunicação insensível.
Novas propostas de símbolos
Diante dessas críticas, surgiram novas representações do autismo, com propostas mais inclusivas, respeitosas e modernas. Os principais são:
🔁 Símbolo do infinito colorido
Representa a diversidade infinita de mentes humanas. É o símbolo preferido pelos defensores da neurodiversidade.
💛 Laço dourado
Sugere que o autismo é algo precioso, digno de orgulho e respeito.
💙 Coração azul
Usado para representar o amor, a empatia e o reconhecimento pelas pessoas autistas.
Esses símbolos ganharam força especialmente após campanhas nas redes sociais lideradas por autistas.
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Conclusão
A história do símbolo do autismo revela muito sobre a evolução da percepção social sobre o TEA. O quebra-cabeça, criado em 1963, teve um papel importante em chamar atenção para a existência do autismo. No entanto, com o avanço do conhecimento e o fortalecimento da voz da comunidade autista, tornou-se evidente que esse símbolo já não representa a realidade e o desejo de muitas pessoas no espectro.
Hoje, novas representações mais positivas, como o símbolo do infinito colorido, têm sido adotadas para reforçar que o autismo não é um mistério a ser resolvido, mas uma forma legítima e valiosa de ser.
Perguntas Frequentes
Quem criou o símbolo do Autismo?
O símbolo foi criado em 1963 pela National Autistic Society, do Reino Unido.
O que significa a peça de quebra-cabeça?
Originalmente, representava o enigma do autismo e a ideia de que os autistas eram “desencaixados” da sociedade.
Por que há críticas a peça de quebra-cabeça?
Porque ela reforça uma visão negativa e ultrapassada do autismo, sugerindo que a pessoa é incompleta ou problemática.
Qual o símbolo mais aceito atualmente?
O símbolo do infinito colorido tem sido amplamente aceito pela comunidade autista por sua mensagem positiva de diversidade.
O símbolo do quebra-cabeça será abolido?
Não há uma proibição oficial, mas muitas instituições estão revendo seu uso diante das críticas crescentes.
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